sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Delírios da noite


A noite mais uma vez vai se passando, e toda vez que bate duas horas, é hora de descobertas. Chega uma hora que sinceramente, não parece que exista nada novo para descobrir a essa hora, mas não se trata de coisas novas e sim de algo que sempre existiu.
Duas e dez, tento escrever. Não consigo. Leio algo. Enquanto leio, pego o violão. Paro de ler porque percebo que algo está falando comigo. Parece o som do meu pensamento, mas não está vindo dá minha mente. Tento descobrir do que se trata enquanto meus dedos vão me mostrando uma melodia nova, vou recebendo o presente, enquanto percebo que é o som que antes reconhecia como sendo meus pensamentos. Percebo também que o que os meus dedos fazem o violão falar é exatamente aquilo que tentava escrever, algo sobre como as coisas mudam eu acho. Vou ouvindo meus pensamentos em um diálogo comigo mesmo, usando uma espécie de tradutor.
Duas e vinte e minha mente continua mandando mensagens aos meus dedos, e meus dedos fazem meu violão filosofar, ele diz incessantemente: “Perceba como as coisas mudam, ontem elas eram de um jeito, amanhã serão de outro.”
Fez uma pausa (queria que ela fosse mais curta, uma colcheia talvez) depois tornou a dizer: “olhe sua felicidade”. Dessa vez fez uma pausa mais curta, apenas o suficiente para que eu olhasse a minha felicidade. “Ela também muda, talvez pra melhor, talvez pra pior.” E eu pensando o que eu mesmo queria falar... Perda de tempo, certo?!
Respondi baixo a mim mesmo enquanto separava os compassos, enquanto botava pontos e bequadros, e após o baixo continuou a minha mente: “O tempo é poderoso, ele decide, você pode mudar apenas o quão rápido isso pode acontecer”. Escrevi “Moderato”. A voz em minha mente repetiu tudo o que já tinha dito... Um ritornello viria a calhar.
Faltavam apenas vinte minutos antes que as três da manhã chegassem e meus dedos não paravam, mas já estavam concluindo. Entre diálogos entre baixos e agudos ia pensando, ia decidindo, ia pondo em prática tudo o que a minha felicidade me proporcionara. Afinal motivos de felicidade, existem vários, talvez nem todos sirvam para todos os momentos, mas alguns nos momentos certos podem fazer a felicidade durar para sempre.
Agora era hora de corrigir, meu cérebro repetia os meus pensamentos para que agora eu pudesse ver onde eu deveria olhar para trás, onde eu deveria “pular”, botar pontos, pausas... Encerrei os pensamentos com um acorde mostrando que sozinho a felicidade não vêm, e percebi que não tinham pausas, já que no final se não estamos sozinhos, não temos porque parar, podemos deixar que soem os nossos sons de alegria até que tenhamos que voltar para o início, indicado com um “D.C. Al fine”(do começo ao fim), mostrando que às vezes é necessário voltar no tempo e reviver todas as alegrias, momentos bons, até que se restem só lembranças.

Acabei me arrependendo de ter escrito “Moderato” mudei para “Alegro animato”... Tem mais a ver com o meu pensamento...