sexta-feira, 1 de março de 2013

Pontual (12:51) (Parte I)


- Feliz aniversário! – Diziam aquelas vozes a Pedro. Uma multidão de amigos de seus pais, família, e algumas pessoas que ele convidou para o seu aniversário. Enquanto ele, em um canto qualquer, ficava pensando que tudo o que faziam aquele momento não tinha serventia nenhuma para ele, não estavam o deixando mais feliz por lembrarem-se dessa data.
De fato, ele não era desses que gostavam de lembrar-se do seu aniversário, já que para esse tipo de gente, aniversários só significam ficar mais velho, ter menos tempo de vida sobrando. Era o caso de Pedro, ainda mais fazendo 18.
Pedro era pontual, gostava de fazer tudo na hora certa, e ter 18 significava sim sair de casa, trabalhar, correr atrás do tempo, não olhar pra trás. Significava sim deixar de ser quem era antes pra ser um adulto. Essa pontualidade se mostrou quando no dia real de seu aniversário, havia chegado atrasado um minuto, num almoço marcado para 12h50min. Esse minuto era proposital, ficou exatamente um minuto fora do restaurante para onde ia, acalmando-se. Não quisera convidar a pessoa com quem iria almoçar para estar presente no dia anterior, mas estava ali, naquele dia, 12h51min, respirando fundo antes de entrar.
Já estava lá dentro a pessoa que com ele ia almoçar, a única pessoa que ainda conseguia fazê-lo por a cabeça no lugar enquanto ele perdia cabelos se preocupando com coisas não tão importantes da vida (de fato, Pedro reclamava demais). Melissa, sua namorada a umas semanas, uma ruiva que adora cinema e as mesmas bandas que Pedro.
 Quando estava perto de Melissa, tudo o que o preocupava sumia, ele ficava feliz. Ela o entendia, colocava-se no lugar dele, e estava lá o apoiando nas suas futuras decisões.Melissa disse:
- Parabéns, amor. – e se aproximando dele cantarolou – “Kiss me now that you’re older”. - Lembrando-se de uma das músicas favoritas de seu namorado.
- Sabes que é “Kiss me now that I’M older”. – Respondeu, fingindo estar bravo.
- Mas és tu que estás mais velho. – Melissa ao dizê-lo fingiu cara de triste . – Não reclame e venha aqui.
Ambos começaram a rir e se abraçaram. Sim, se beijaram também. Sentaram-se e comeram. Conversaram, riram. Ambos vestidos quase como nos anos 40, em um restaurante que também lembrava um pouco essa época. Sentiam-se tranquilos e em “casa” em lugares assim, quase como se pertencessem a essa era.
Lá tocava músicas dos anos 70, que eles adoravam. Sem se importar com nada, foram para o meio do restaurante e começaram a dançar. Chamavam a atenção de todos, pessoas conhecidas e desconhecidas, mas aos poucos, todos começavam a se levantar e dançar também. Melissa era a mais jovem ali, com seus 16 anos. Pedro com seus 18, naquele meio ainda parecia uma criança ao ver pessoas com 40 anos se levantarem e começarem a dançar, foi incrível a cena. Olharam o que estava acontecendo e sentaram-se rindo de velhinhos de uns 60 anos juntando-se a festa.

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