Eis a teoria: cansei de mim mesmo, de me ver por aí. Cansei de cansar de mim mesmo, ainda mais ao saber que existem mais de um dentro de mim. Uma vez que em meu coração haja mais de um ser, não posso ser conivente comigo mesmo, com meus próprios desejos, perco a liberdade de ser quem eu sou, por haverem dois, talvez mais.
O mundo diria que estou ficando louco e muitas pessoas já concordam, mas não concordo com elas, nem comigo mesmo, o racional já perdeu sua racionalidade quando vai contra os seus próprios preceitos. Esse racional, que parece bom a alguns olhos, é aquele que me faz agir com frieza, e então vou ser tratado como um babaca. O extremo racional impede a vida de ser vivida como merece, por isso não se pode ser racional o tempo todo, e disso, o emocional sabe.
Esse segundo, vive às mágoas, parece bom ao ser gentil, carinhoso, mas quem realmente gosta disso hoje em dia? Ainda mais com o exagero da falta de equilíbrio do sentimental. Ele vem e vai intercalando com o racional, mas aparece sempre nos piores momentos, essa megera criatura, esse urso, embriagado de sentimentos chulos, sem sentido, vem demonstrando sua chatice quando menos é oportuno. Ele realmente me irrita... Aliás, os dois me irritam.
O que falta é o equilíbrio, é o momento oportuno para que eles apareçam, mas ao não saber isso, nem o racional é tão racional assim, nem o emocional é tão sensitivo. Ao mostrar o seu pior lado mostram que são coisas que eu não sou. Mas quem sou eu? Se os dois formam quem eu sou, então por que discordo tanto de mim mesmo a ponto de estar aqui, agora, escrevendo isso.
Eu tenho raiva, muita raiva, se não fosse eu mesmo, eu estaria me xingando, quase batendo em mim mesmo, até tirar sangue da alma. Dá vontade de sufocar tudo dentro de mim pra descobrir o que realmente seria eu sem esses dois. Se por muito sou inconsequente com os dois, o quão seria inconsequente sem eles?
O ser humano não pode ser tão previsível a ponto de se moldar a partir de um padrão, de um molde. Posso me moldar como eu quiser, posso viver como quiser, posso não saber quem eu sou, posso não saber o que vai ser de mim, mas eu não preciso deixar o racional, sem ele muito de mim vai embora, eu me perco, não tenho norte, perco o mundo ao meu redor, a noção. Também não posso deixar o emocional, um ser frio, manipulador, guiado por seus próprios pensamentos, porém não por desejos, pensamentos metódicos que pra nada servem quando não se tem emoção. Sem meu emocional, perderia o que me faz feliz. Então é necessário que ainda existam os dois, essa dupla implacável, essa dupla que me leva a loucura, sãos esses que formam minha essência, e o eu, que ainda tão pretensioso escreve sobre si mesmo, mesmo que não se conheça.
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